segunda-feira, 7 de outubro de 2013

HEY YOU - Reposição | 1º Aniversário Terceira Pessoa































1 comentário:

  1. Um poema para a Ana e o Nuno. A vocês devo o facto de estes versos que aqui transcrevo e traduzo fazerem hoje muito mais sentido do que fariam antes de vos ter conhecido. Há encontros felizes que não se explicam...
    Com muito carinho e amizade.
    Alice

    FRÈRES DE TERRE

    Je n’ai pas de frères de race,
    j’ai des frères de condition,
    des frères de fortune et d’infortune,
    de même fragilité, de même trouble
    et pareillement promis à la poussière
    et pareillement entêtés à servir
    si possible à quelque chose,
    à quelqu’un, même d’inconnu,
    à quelque frère de même portée,
    de même siècle, ou d’avenir….

    Je n’ai pas de frères de race,
    ni de religion, ni de communauté,
    pas de frères de couleur,
    pas de frères de guerre ou de combat,
    je n’ai que des frères de Terre
    secoués dans la galère
    des espoirs et désespoirs
    des mortels embarqués,
    des frères de rêves partagés
    et de peurs trop communes.

    Je n’ai pas de frères de race,
    j’ai des frères de condition,
    bien différents et très semblables,
    d’ailleurs terriblement interchangeables
    dans l’égoïsme
    ou dans la compassion…
    Des frères tout pétris de l’envie
    de partager leur solitude avec le pain
    et parfois le bonheur insigne
    d’apprendre ensemble à dire non…

    Je n’ai pas de frères de race,
    mais des frères dans le refus
    de n’être qu’un passant,
    des frères par l’art et par le chant,
    et l’énergie déployée chaque jour
    à tenir tête au néant.
    Des frères à travers les âges,
    la géographie et les frontières,
    - et qui sait même, au-delà de l’espèce,
    peut-être un frère en tout vivant…

    Michel Baglin
    Un présent qui s'absente.
    Editions Bruno Doucey

    IRMÃOS DE TERRA

    Eu não tenho irmãos de raça,
    tenho irmãos de condição,
    irmãos de fortuna e de infortúnio,
    de idêntica fragilidade, de idêntica inquietação
    e igualmente prometidos ao pó
    e igualmente obstinados a servir
    para alguma coisa se possível,
    servir alguém, mesmo desconhecido,
    qualquer irmão da mesma lavra,
    do mesmo século, ou de um tempo por vir…

    Eu não tenho irmãos de raça,
    nem de religião, nem de comunidade,
    não tenho irmãos de cor,
    nem irmãos de guerra ou de combate,
    só tenho irmãos de Terra
    sacudidos na galera
    das esperanças e desesperanças
    dos mortais embarcados,
    irmãos de sonhos partilhados
    e de medos demasiadamente comuns.

    Eu não tenho irmãos de raça,
    tenho irmãos de condição,
    bem diferentes e muito semelhantes,
    aliás terrivelmente intermutáveis
    no egoísmo
    ou na compaixão…
    Irmãos amassados pela vontade
    de partilhar a sua solidão com o pão
    e por vezes a felicidade insigne
    de aprenderem juntos a dizer não…

    Eu não tenho irmãos de raça,
    mas irmãos na recusa
    de serem apenas seres passantes,
    irmãos pela arte e pelo canto,
    e pela energia expandida em cada dia
    na resistência ao abismo.
    Irmãos através das idades,
    da geografia e das fronteiras,
    - e quem sabe, para além mesmo da espécie,
    talvez um irmão em tudo vivo…

    Michel Baglin
    Um presente que se ausenta


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